CRISTO É O CENTRO



Afirmar a centralidade de Cristo para evitar que a cultura comercial que envolve o Natal nos desvie do seu centro único; a Pessoa de Cristo e Sua Encarnação. Essa compreensão deve nortear a programação das famílias e da igreja nesse período do ano. O verdadeiro sentido desta celebração está na revelação da fé cristã sobre a essência da vida escondida em Deus. 
Atingir a profundidade do nosso ser, mergulhar abaixo da superficialidade de uma vida escravizada pelo dinheiro, poder ou ideologias depende da experiência pessoal com o Deus-Homem que quis mostrar-se explicitamente na pessoa histórica de Jesus de Nazaré, o Cristo Vivo que move a história. Para usar a linguagem da Física, Cristo é a força centrípeta, ou seja, exerce o poder de atração. Paulo, apóstolo, usou a expressão “fazer convergir”. Cristo gera, atrai e move desde histórias pessoais anônimas até a conjuntura política das grandes nações. Em torno de si e por sua causa existe o universo e existimos todos nós. 
A Bíblia tem na pessoa de Cristo o seu âmago. Ouvi repetidas vezes essa defesa nas aulas de Introdução Bíblica com o pastor Jonas Barreira de Macedo Filho. Toda a Escritura deve ser interpretada a partir da vida e da obra de Jesus. O Antigo Testamento descreve a nação escolhida para trazer ao mundo o Salvador. O Novo Testamento revela Sua Pessoa. Os eventos, personagens e profecias dos textos sagrados apontam para o Eterno Filho de Deus e giram em torno dEle. Do Gênesis ao Apocalipse, encontramos Sua Revelação. 
Em Gn 3,15, temos o primeiro anuncio do evangelho, imediatamente após a queda do gênero humano: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. A partir desta profecia, passamos a compreender progressivamente através de atores e eventos bíblicos a missão do Cristo: Noé e o dilúvio; Abraão e aliança com Deus; Moisés e a libertação do povo; Davi e o reinado segundo o coração de Deus; os profetas e o anuncio da vinda do Messias, o escolhido de Deus. 
E após descrever sua vida, morte e ressurreição, a Bíblia conclui: “Eu sou o Alfa e o Omega, e o que vivo” (Ap. 1,17-18a). Por isso, no Natal, a nossa atenção deve transpor o menino do presépio, os pastores de Belém, os reis e os presentes. Devemos fitar os olhos no Deus Eterno que se faz carne para salvar o homem do pecado e da morte. Através desse olhar nossas afetos e interesses encontram a fonte capaz de equilibrá-los. Somente com Cristo no centro gerador de nossa vida alcançaremos saúde, pois Ele é a própria vida. 
O apóstolo Paulo proclamou esta verdade afirmando que pela vontade de Deus, “de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (Ef. 1,9-10), Cristo se tornou o cerne da vida. Ele é a árvore colocada no meio do jardim, no Éden, sem ela nada podemos fazer, pois somos seus ramos, dela recebemos a seiva vital. Todas as coisas devem convergir para Cristo. 
a) o mundo, enquanto sistema – não há autoridade humana que se estabeleça diante de Cristo sem submeter-se a Ele. É Ele que afirma: ´Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt. 28,18); 
b) a igreja, corpo de Cristo – Ele é o Senhor da Igreja, adquiriu-a com seu próprio sangue (Atos 20,28), é sua pedra fundamental (Mt. 16,18). 
c) a família, lugar da fé genuína – Em sua disciplina e admoestação os filhos devem ser criados (Ef. 6,4), no modelo de sua graça o casal deve se relacionar (5,25-28); 
d) da vida pessoal, de todos e todas – quando aceitamos o convite de tomar a nossa cruz e segui-lo, esvaziamo-nos do próprio eu e vivemos nEle (Gl.2,20), porque em nenhum outro nome há salvação (Atos 4,12). 
Para vivermos com dignidade diante de uma cultura marcada pela violência, desigualdade e injustiça, precisamos fazer de Cristo o núcleo vital das nossas vidas. Dele receberemos todo amor suficiente para construirmos relacionamentos fraternos e solidários, único meio de vencer a cultura de morte que nos cerca. Colaborando com Seu agir na história poderemos mudar estruturas de pecado organizadas para fazer do mal um estilo de vida. 
Vivendo numa sociedade que transforma pessoas em mercadorias e guia-se pelo sucesso independente da miséria alheia, o Natal anuncia que um bebê destrona poderosos e faz dos pobres os primeiros no reino de Deus. Nós somos servos de Cristo e o nosso valor está em adora-lo acima de tudo e de todos. Ele é o centro de força, a fonte da vida, o ponto médio de cada indivíduo e de todo o universo.

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