AUTORIDADES CONSTITUÍDAS POR DEUS

Deus não escolhe, necessariamente, as pessoas que ocuparão os cargos, mas escolheu o princípio de autoridade e sua função na vida pública. O princípio bíblico de autoridade ensina que responsabilidades e funções foram projetadas por Deus, quer seja na família, na igreja, na escola, na cidade, no Estado. Mas é necessário distinguir entre autoridades constituídas e pessoas investidas de autoridade.

Quando foi interrogado sobre o dever de pagar impostos, Jesus estabeleceu o princípio da responsabilidade política do cristão diante cidadania terrena. “Então, deem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22:18-21). O imperador representava o poder temporal responsável por direitos e deveres dos cidadãos. Por outro lado, Deus, absoluto em sua autoridade, era o único Senhor a quem se devia adorar.

O Apóstolo Paulo ensinou à igreja em Roma o princípio da sujeição às autoridades constituídas, em sentido genérico. Ele entendia que toda autoridade era constituída por Deus para o bem das pessoas. “Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais... as autoridades que existem foram estabelecidas por Deus... É serva de Deus, agente da justiça” (Romanos 13:1-7). Estas posições de poder estavam a serviço de Deus independente de quem as ocupe. Seu propósito é a justiça na vida social. Mas isso não garante que todos exercerão a autoridade alinhados a este objetivo

Escrevendo a Timóteo, Paulo também ensina este princípio: “...que se façam orações por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade... para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica” (1 Timóteo 2:1-2). Aqui a recomendação bíblica é orar pelas autoridades, mas com um destaque interessante: da mesma forma como devemos orar “por todos os homens”. Deve-se orar pelos “reis”, da mesma forma como é necessário interceder pelos professores, pais, policiais, líderes comunitários e assim por diante. O objetivo é o bem-estar da sociedade. A vida social pode transformar-se num caos sem o princípio da autoridade.

Por sua vez, o apóstolo Pedro também confirma este ensino bíblico: “Por causa do Senhor, sujeitem-se a toda autoridade constituída entre os homens; seja ao rei, como autoridade suprema, seja aos governantes... Tratem a todos com o devido respeito: amem os irmãos, temam a Deus e honrem o rei” (1 Pedro 2:13-17). Os reis eram “autoridade suprema”. O regime era monárquico. Mas a honra ou respeito era devida a todos. Ou seja, a graça inverteu o jogo. Hoje, no sistema democrático, o povo ocupa o lugar antes preenchido pelo monarca. Por isso, se existe alguém que merece sujeição, principalmente dos representantes eleitos, é o gari, o médico, o lavrador, a professora, o feirante, a empresária, o profissional liberal.

As pessoas eleitas para governar são os legítimos representantes de quem na verdade governa: o povo. Cabe ao povo, autoridade máxima do sistema democrático, observar o princípio da autoridade dos representantes por ele constituídos, atentando, porém, para a diferença entre mandato e pessoa. Na eleição o povo compartilha a autoridade recebida de Deus através de mandatos populares legítimos, contudo devendo exigir a responsabilidade dos mandatários eleitos.

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